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Mensagens Oficiais › 28/02/2022

Estes tempos difíceis! – palavras do coração franciscano (43)

Palavras do coração franciscano (43)

Estes tempos difíceis!

por Frei Rogério Viterbo de Sousa, OFM

Um dia desses, depois de ter celebrado a Missa em uma de nossas Igrejas, aproximouse de mim uma jovem. Pediu-me a bênção. Ela tinha um olhar marcado pela tristeza. Conversamos alguns poucos minutos na porta da igreja e, antes de ir embora, ela me disse assim: “Frei, está quase impossível de ser feliz neste tempo que vivemos. Por favor, reze por mim e peça a Deus que estes tempos difíceis logo passem”. Deu-me um abraço e seguiu seu caminho, carregando no rosto a sua tristeza. Foi embora sem que eu pudesse dizer para ela pelo menos uma palavra de conforto e de ânimo. Confesso que a fala e o semblante de tristeza daquela moça mexeram com a paz do meu coração franciscano. Pensamentos sobre o tema da tristeza, que produz tamanho sofrimento e escraviza a uma grande parte da humanidade, povoaram a minha mente e inquietaram o meu coração franciscano de uma forma mais urgente de compreensão.

Sei que são muitos os desafios que enfrentamos atualmente: pandemia, desemprego, insegurança, violência, ódio, corrupção, desastres ambientais, ameaças de guerra, fome, crise econômica, autoritarismo etc. Olhando a vida e o mundo a partir destas realidades, fica difícil acreditar que seja possível ter e sentir alegria.

É esta, infelizmente, a realidade do nosso tempo. Tempo de indefinições, de incertezas, de inseguranças, de dúvidas, de não saber. Aonde iremos parar, se tudo continuar assim? Somos contemporâneos desta crise existente no mundo. Esta verdade não podemos negar. Estamos vivendo várias formas de infelicidade, mas deveríamos saber preservar nossa alegria, independentemente destes acontecimentos lamentáveis e de tudo de ruim que acontece. Não podemos esquecer que a alegria é item fundamental para nossa sobrevivência, seja na ameaça à saúde ou em qualquer outra realidade que venha atormentar ou ferir a nossa vida.

A cultura que vivemos nestes tempos de pós-modernidade prega uma descrença generalizada na fé, na verdade e em tudo que seja duradouro. Vivemos em um tempo superacelerado, onde o prazer, as sensações, o imediato e o superficial são valorizados ao extremo. Vivemos a cultura da simulação e do “espetáculo”. Hoje incentiva-se realidades fantasiosas e o culto ao descartável e ao superficial. Tudo isso tem gerado uma duradora tristeza em muitos corações e tornado nossos dias tão pesados.

Às vezes, a tristeza vem querendo destruir tudo à nossa volta, e é nessas horas que podemos ser tentados a desistir dos nossos ideais, dos nossos sonhos, de coisas que são importantes para nós, para a vida em geral e para a mudança deste nosso tempo acontecer. Mas a Palavra de Deus nos encoraja a continuar perseverando, mesmo em meio a tanta dor, a tanta tristeza e a tantas incertezas.

Ela nos ajuda a descobrir a importância da alegria em nossa vida. Assim, pede-nos Deus no Livro do Eclesiástico: “Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade; a alegria do homem torna mais longa a sua vida. Tem compaixão de tua alma e torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti.” (Eclo 30, 22-24) É com este conselho e tantas promessas encorajadoras, que só podem ser encontradas na Palavra de Deus, que encontraremos coragem e fortaleceremos nossa fé para o enfrentamento deste nosso tempo. Se realmente acreditarmos nela, sempre teremos força em tempos difíceis e nossa esperança nunca acabará e jamais falhará.

 

“Esforçai-vos, e animai-vos; não temais, nem vos espanteis diante deles; porque o Senhor teu Deus é que vai contigo; não te deixará nem te desamparará” (Deuteronômio 31,6). Movidos por esta tamanha certeza, poderemos gritar confiantes para o mundo e as pessoas ouvirem que: “Não estamos sozinhos e estes tempos  difíceis logo irão passar”. Depois de muito pensar e refletir, hoje eu gostaria de ter dito para aquela moça, de forma bem singela, tudo isso e ainda iria concluir assim: “Não podemos negar que a vida é totalmente imprevisível. Toda tentativa de controle dela é vã, e certamente provaremos a dor e a tristeza em algum momento de nossa caminhada. Mas não podemos nos dar por vencidos. Afinal, necessitamos, em todo tempo, manter os nossos corações repletos de esperança e totalmente confiantes em Deus, conservando nossa fé. Mesmo que seja uma fé pequena, basta que seja suficiente para nos fazer acreditar que as tempestades cessarão e que o Sol nascerá outra vez para aquecer nossos corações e iluminar nosso caminho e de toda a humanidade”. Acho que seria isso que eu certamente diria para acalmar seu coração e colocar novamente um sorriso no seu rosto e na sua alma. Que Nossa Senhora das Alegrias nos ajude nestes tempos tão difíceis! Que ela nos faça redescobrir a perfeita alegria do encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo, que nada nem ninguém pode tirar de nós! Desejo que minhas humildes palavras, talvez, lhes sirvam para um bom momento de reflexão.
Se assim for,
Boa reflexão, então!

Convento São Francisco, Campo Grande, MS, 21 de fevereiro de 2022.

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